Na rebuscada história do primeiro rei do Povo Hebreu, encontramos um episódio marcante de inteligência atuante de uma mulher chamada Abigail.
Por causa da inveja desmedida, Saul procura a morte de Davi, o que o obriga a fugir uma vez mais deste rei enlouquecido, que ora o ama, ora o rejeita.
Acompanhado por seus homens, Davi presta serviço aos cuidadores de gado, que guardavam seus rebanhos na montanha na altura da transumância. O grupo está esfaimado quando pede algo para comer a Nabal. Este era um descendente de Calebe, aquele homem que tanto fizera para que o povo de Deus andasse em Seus propósitos.
Porém Nabal, nada tinha a ver com este valente israelita, pois que era homem de muito mau caráter. Muito rico, era rude, e sem nenhum senso, tendo seu nome um significado que fazia jus à sua pessoa. –“insensato”.
Os trabalhadores de Nabal tinham sido protegidos por Davi e seus companheiros. Lógico que agora pedissem algo para comer ao seu senhor, uma vez que os tinham protegido dos bandos de salteadores que os queriam atacar.
Mas Nabal respondeu de forma negativa. Ali estava Davi, aquele a quem as mulheres cantaram canções de vitória exaltando sua bravura, ali estava desprezado, perseguido e esfomeado.
Claro que reagiu mal, ameaçando matar o próprio Nabal por não lhe ter sido favorável. Alguém ouviu este intento e foi avisar a linda mulher de Nabal, Abigail de seu nome, figura diametralmente oposta à do seu marido.
Abigail, mulher forte e inteligente, foi usada por Deus para impedir que Davi cometesse um enorme erro.
Nabal recusou dar alimentos ao grupo de Davi, mas Abigail reverte a situação e rapidamente, reúne seus empregados e prepara um lauto banquete, onde reuniu carne, 200 pães, 2 odres de vinho, 5 medidas de trigo tostado, cachos de uvas, pastas de figos. Tudo precisava ser transportado num curtíssimo espaço de tempo, quando não, os homens de Davi, avançariam para aniquilar o avaro e grosseiro Nabal.
Então Abigail, cujo nome quer dizer “Deus dá alegria”, apeou-se, pediu desculpa pela atitude do marido, dizendo que se tivesse sabido antes, as coisas não seriam assim, identificando-se logo com Davi, o que muito o impressionou.
Os presentes comestíveis que trouxera, aplacaram o coração de Davi e sua fúria. Como diz Tiago 3:17, Abigail estava revestida de “sabedoria do alto”. Apresentou-se cheia de misericórdia, pacífica, tal como era, temente a Deus, que ela queria servir e honrar, na pessoa de Davi, o que fora ungido Rei. Não sabia qual seria a reacção de Davi, agiu por amor ao seu semelhante e para evitar uma tragédia. Ela recordou a Davi o favor de Deus que ele já desfrutava e o futuro brilhante que o esperava, o qual seria ensombrado e comprometido se persistisse em atacar Nabal e seus homens.
Ele agradeceu e disse: “Vai em paz”.
Salomão escreveu que a reverência e temor a Deus são essenciais a toda a sabedoria (Provérbios 1:7).
Quando Abigail chegou a casa, ao encontrar um grande festim e Nabal caindo de bêbado, nem lhe contou nada. Porém, na manhã seguinte, quando ele soube o que acontecera na véspera, foi acometido de um ataque, e assim permaneceu 10 dias, até que morreu.
Quando Davi soube do sucedido, lembrou-se daquela sábia mulher e do que ela lhe dissera: ”Lembra-te de mim, quando o Senhor te fizer grandes coisas”. Ela sentia-se desprezada, incompreendida, em que nada lhes era comum, nem a espiritualidade. É então que Davi se lembra desta mulher bela, sábia, temente a Deus e convida-a para ser sua mulher.
Inesperadamente se torna na esposa do Rei de Israel, apesar de ser “apenas” uma das oito mulheres do Rei.
A sua atitude humilde, mas determinada, contribuiu para que Davi não se desgraçasse e entrasse assim num banho de sangue.
Eles tinham em comum o mesmo Deus e o mesmo desejo de O servir. Mesmo sem conhecer Paulo, eles iriam exercitar o verso de Romanos 8:28, que diz: “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, que são chamados por Seu decreto”.
Manuela Norte
