Durante as aulas do Seminário, deparei-me com um tema que, desde minha conversão, tem sido um desafio constante: “Como lidar, à luz da Palavra de Deus, com o sofrimento”?
Responder e, sobretudo, colocar em prática o que nos ensina a Palavra diante do sofrimento, nem sempre é uma tarefa simples. Sabemos que sofrer é uma condição inevitável em nossa vida terrena e sempre será uma página aberta diante de nós. O próprio Cristo não ficou isento de vivê-lo; Ele conhece, entende perfeitamente a nossa dor e não é indiferente a ela. E que grande alento poder recorrer ao Senhor em nossos piores momentos!
Assim como houve um propósito no sofrimento de Cristo, a Palavra nos ensina que também há no nosso sofrimento. João 16:21 conduz-nos a uma descrição de vitória do riso sobre o choro, evocando o inefável momento do nascimento de uma criança. A dor precede o riso e a aflição, o prazer de se ter dado à luz um novo ser.
No entanto há que registar que existe um abismo entre o sofrer sem Cristo e o sofrer com Cristo – estarmos conscientes de que Deus está agindo em nosso sofrimento, certamente altera a forma de experienciarmos a dor.
O sofrimento de Cristo na Cruz solucionou a questão do nosso sofrimento. O Evangelho mostra-nos que nossas dores são efémeras e serão extintas. Portanto, viver com Cristo fomenta a certeza de que o sofrer está limitado à nossa vida terrena e corrobora a nossa fé, nossa Esperança na vida eterna, onde não haverá mais choro e dor, conforme o texto de Apocalipse 21:4 “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.
Os textos de primeira Pedro 4:16 e Colossenses 1:24, respectivamente, nos incitam ao refrigério e regozijo de nossa alma através dos propósitos revelados nas Escrituras: “Mas se padece como cristão, não se envergonhe; antes, glorifique a Deus nesta parte.” “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo Seu corpo que é a Igreja”.
Definitivamente, o sofrimento para mim, como cristã, não deixa de ser uma grande peleja, porém através dele, também há uma busca incessante de encará-lo como um valioso artefato de fortalecimento e crescimento espiritual, nunca me esquecendo de que participar dos sofrimentos de Cristo, além de ser um privilégio, deve forjar uma vida permeada pelo contentamento, só alcançado através da superabundante Graça.
Marciane Raquel Henrich Ferreira Barreiro.